Carreiras típicas de Estado: Direitos para uns e
obrigações para outros
Por Paulo Cear Régis de Souza (*)
Paulo César - Vice Presidente Executivo da Anasps |
Quando você faz concurso para o serviço público federal,
estadual ou municipal, se você passa, é considerado servidor público, servidor
do Estado. Você não é empregado privado. Não está sujeito à Consolidação das
Leis de Trabalho-CLT, mas ao Regime
Jurídico Único-RJU . Você adquire o munus da estabilidade e se reveste da
condição de bem servir aos cidadãos e à sociedade.
Você não está nem acima nem abaixo de ninguém. Tem que
servir bem e ser ético. Tem que ser treinado, capacitado, reciclado para
atender as demandas impostas pela missão institucional em que escolheu
trabalhar, por vocação, por interesse
financeiro, satisfação profissional. Tem
que servir à instituição/sociedade e não ao mandatário do turno.
Está sujeito a receber promoções e gratificações,
comissões e cargos, em função de sua capacitação e perceber remuneração
diferenciada.
Não importa se você trabalha numa pequena cidade do
interior, de até 10 mil habitantes ou numa megalópole como São de Paulo, de 20
milhões. Você passa a receber vencimentos, pagos pelo Tesouro da União, dos
Estados e dos Municipios, é o que
vulgarmente se chama dinheiro público, financiado pelos recursos fiscais,
gerados pelos impostos.
Não importa se trabalha numa repartição pública de pequeno
porte OU numa unidade de pequeno porte
de uma grande repartição pública.
A sua clientela é pública.
O seu serviço é de utilidade pública;
O Regime Jurídico Único , quando nasceu, surgiu
igualitário, com base no principio de que todos somos iguais perante a Lei. Não
consigo entender a razão pela qual se chancelou os mais iguais e que foram
enquadrados nas “carreiras típicas
de Estado” , rótulo atribuído a um
conjunto de carreiras, com pouca gente em relação ao conjunto de servidores,
que querem ser de 1ª. classe , passando
a maioria a ser de 2ª. classe. Apesar de ser a linha de frente
do Serviço Público. É algo discriminatório, politicamente incorreto, odioso,
prepotente e que não se coaduna com o espírito da “res púbica”, isto é da coisa
pública, de responsabilidade solidária e completa, de dedicação total e
exclusiva à causa pública.
Quero crer que , na complexidade do nosso Estado,
patrimonialista, alguns queiram ser mais iguais do que outros e busquem,
com base no seu espírito de corpo, melhor proteção. Isto não é novo. Muito pelo
contrario. Houve tempo, que os arautos, por anunciar os editos reais, eram
considerados a elite do Estado feudal. Também
houve tempo em que os cobradores de impostos, se consideravam superiores pois arrecadavam o
ouro, a prata, terras, lavouras, minas, gado.
Houve tempo ainda em que os que tinham espadas, mosquetes, cavalos,
bazucas, baionetas, queriam ser os
servidores mais privilegiados.
No nosso Estado, aboletaram se na 1ª. classe os auditores
fiscais da Receita Federal , delegados federais, diplomatas, controladores, procuradores (AGU e PGFN) ,
defensores, Analistas eTécnicos de Finanças e Controle (CGU e STN). de
Tecnologia da Informação, Ciclo de
Gestão, gente do BACEN, da CVM,
da SUSEP, do Tesouro, que constituem
a elite do governo e
núcleo das carreiras típicas de Estado.
O pulo do gato é que não recebem mais pelo catalogo de
cargos criados ao tempo das diligências criadas pelo prof Bresser Pereira, com
um vencimento básico rizivel , infame e indigno, não estão sujeitos às
gratificações de produtividade, que se superpõem , e que não podem ser
incorporadas `as aposentadorias futuras.
Recebem por “subsídios”
uma “remuneração mágica” que vem
ser um valor que a categoria profissional reuniu todos os penduricalhos
(gratificações, adicionais, quintos, décimos, vantagens) ao longo dos anos e que passam a ser o
subsídio digno , convidativo, gratificante para quem é chamado de servidor típico
de Estado. Além do que se aposenta com o
salário integral.
Quando se pergunta
a ele o que ele é no setor público, o que faz , se é um servidor
público, a resposta é afiada:
- Sou um servidor da carreira típica de Estado.
É muita coisa. Importante demais, tem jeitão de estadista,
cara de estadista, bem diferente dos servidores que são obrigados a ir
para linha de frente dos serviços do
Estado, financiados por todos os contribuintes, que são obrigados a responder quando
interpelado o que é o e o que faz:
- Sou um mero servidor público. Um dia foi barnabé.
Ainda agora , no meio de uma crise braba, os servidores
das carreiras típicas de Estado tiveram aumento de 27,9% sendo 5,5% em
2016 6,9% em 2017; 6,65% em 2018 e 6,31%
em 2019.
Os servidores de 2ª. classe, do chamado “carreirão”,
(1.200 milhão de servidores) tiveram
10,8% de aumento sendo 5,5 % em 2016 e 5,0% em 2017. Não negociaram 2018 e
2019.
Só que na 1ª. classe, esta minoria, não chega a 200 mil servidores...É uma elite
típica de um Estado à deriva.
Paulo César Regis de Souza, Vice presidente da Associação
Nacional dos Servidores da Previdência e da Seguridade Social-ANASPS.
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