quinta-feira, 7 de março de 2013



Os servidores pedem ao governo um Plano de Saúde nos moldes da Funpresp-ex

Por Paulo César Régis de Souza (*)

Todas as intervenções do governo federal na área de saúde dos servidores, nos últimos 10 anos foram desastrosas, calamitosas ou caóticas. Já escrevi sobre o caos da GEAP e nada melhorou. Só se agravou. Há uma indiferença e uma omissão que tem custo elevado, pois vidas humanas diariamente estão em jogo.
A atenção à saúde dos servidores que compreende assistência clínica, ambulatorial, hospitalar, odontológica, psiquiátrica, etc. continua no mais completo abandono. Quase 1.5 milhão de servidores civis, ativos e inativos, estão sendo prejudicados. Considerando seus familiares, no mínimo, 3 milhões de vidas!
O Ministério do Planejamento, a quem está afeto o problema, é totalmente omisso. Muito blá blá blá, reuniões, seminários, grupos de trabalho, unidades burocráticas, formulários, assembleias, chefes que nada entendem de saúde,  na  prática a coisa vai de mal a pior. Só lero lero. O tal do Subsistema Integrado de Atenção à Saúde do Servidor Público Federal – SIASS, de 2009, é uma piada de mau gosto e o Comitê Gestor de Atenção à Saúde do Servidor é o clube da sauna seca.
O governo está estimulando seus diversos órgãos a comprar os planos de saúde de que atravessam estressante crise de gestão e de funcionamento, acumulando reclamações e disputas judiciais, pois em tese visam ao lucro. Aumentou o per capita que supostamente é a participação do próprio governo para ajudar no financiamento impondo a atenção a saúde aos próprios servidores. Seja, na prática, o governo se retira do processo e joga a bomba em cima dos servidores. Os planos de saúde são caros e há muita desconfiança sobre sua efetividade.
Não vejo, por mais que tenha boa fé e boa vontade, nenhum esforço dos ministros da Presidente Dilma, especialmente os da Previdência, Saúde e do Planejamento, em encaminhar uma solução para a angustiante situação dos servidores em relação à saúde deles e de suas famílias e dependentes.  Isto para os 1 milhão e 500 mil servidores ativos e inativos e suas famílias (cerca de 3 milhões de pessoas). Como igualmente não visualizo qualquer ação direta e decisiva para salvar a GEAP do colapso iminente.
Solicito nesta oportunidade à Presidente Dilma  proposta de  um Plano de Saúde para os Servidores,  nos moldes do Plano de Previdência Complementar, o da Funpresp, que saiu graças ao empenho pessoal da Presidenta.
O que aparece na mídia sobre a saúde dos servidores é a GEAP, que caminhava para 1 milhão de associados, foi atingida na cabeça e perdeu o rumo, foi baixando , baixando e anda agora por volta de 600 mil. Em dezembro de 2012, 25 mil pessoas pediram para sair. Em 2011/2013, a GEAP teve quatro diretores executivos comprometidos, não com sua missão, mas com outros interesses, nada éticos e subalternos.
Muitos ainda não abandonaram a GEAP por não ter uma alternativa. O financiamento aumentou, a participação aumentou, o atendimento caiu de padrão, a rede credenciada está nas mãos e nas empresas de saúde menos indicadas e qualificadas. Além disso, não está onde os servidores estão. São inúmeras localidades onde inexiste qualquer tipo de atendimento.
A GEAP, em 2003, estava pronta para se transformar no Plano de Saúde de todos os servidores federais, ativos e inativos, da administração direta. Tinha 50 anos de história, de autogestão.
Fundada por nós, servidores da Previdência, foi modelo de atenção à saúde dos servidores, com seriedade e resolutividade. Enquanto foi preservada da partidarização e da politização prestou inestimáveis serviços aos servidores. Tanto que dezenas de órgãos procuraram ou foram convidados a entrar na GEAP, mesmo com a pressão das empresas privadas dos planos de saúde que exigiram sua exclusão do mercado.
Navegando sob tempestade permanente, a GEAP nestes 10 anos foi assaltada. Vários diretores executivos por lá passaram, prometendo sanear os passivos, melhorar a qualidade dos serviços, profissionalizar a gestão. Aumentaram a contribuição dos associados, mas nada aconteceu. Os pagamentos dos prestadores de serviços das contas foram protelados, o déficit aumentou.  Os passivos aumentaram, transformaram-se em rombos por aplicações indevidas do patrimônio da GEAP (o Pecúlio) em bancos falidos. Ninguém até agora foi preso!
A Presidente Dilma que implantou a Funpresp-ex pode perfeitamente implantar uma Fundação de Saúde, de direito público ou privado, estatal ou não, como a Fundação das Pioneiras Sociais, e colocar dentro todos os servidores ativos e inativos, que queiram um Plano de Saúde, com múltiplas ofertas de serviços, clínica, ambulatório, hospitalização, etc. (não é complexo planejar uma carteira e estabelecer a cobertura atuarial para efeito de financiamento) com gestão profissional para resolver a questão de atenção de saúde dos servidores, sem partidos ou sindicatos.
A ANASPS com 50 mil vidas me obriga a preocupar-me frontalmente com a saúde dos associados ativos e inativos. Sei que o custo de saúde é alto aqui, nos Estados Unidos, na Europa, no Japão. Sei que os associados da ANASPS padecem e sofrem com a GEAP e muitos nem sonham em ter um outro plano de saúde. Muitos nem podem. Isto me inquieta.
É importante que alguém que tenha acesso à Presidente Dilma contribua de alguma forma para mudar o discurso e prática da saúde do servidor.  Insisto, o discurso e a prática. Mande colocar no lixo o discurso do Ministério do Planejamento que está nas páginas da Internet e salve a GEAP que não pode ficar como está, às voltas com escândalos, enquanto sua missão é deixada de lado.
O Dr. Jocelino Francisco de Menezes, neste momento está à frente da GEAP como servidor da Casa e se debatendo em mais um plano de recuperação financeira. Certamente, está tentando arrumar o que foi deliberadamente desarrumado, mas estará longe de representar uma intervenção válida para corrigir dez anos de desmandos e desencantos.

(*) Paulo César Régis de Souza é Vice-Presidente da Associação Nacional dos Servidores da Previdência e da Seguridade Social-ANASPS

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