ANASPS URGENTE 29
Brasília 9 de julho de 2015
Senado aprova MP do salário mínimo e estende reajustes a aposentados
Com agência Senado, Da Redação | 08/07/2015, 19h19 - ATUALIZADO EM 08/07/2015, 20h19
Waldemir Barreto/Agência Senado
O Senado aprovou nesta quarta-feira (8) Medida
Provisória 672/2015, que mantém as atuais regras de
reajuste do salário mínimo para o período de 2016 a 2019. O reajuste é
calculado pela soma da variação da inflação (INPC) e do Produto Interno Bruto
(PIB). Durante a tramitação, senadores, com o apoio do governo, tentaram
aprovar uma emenda que faria com que o texto voltasse à Câmara, mas a mudança
foi rejeitada. Agora, a matéria segue para sanção presidencial.
A novidade no texto aprovado no Congresso em relação ao texto original
feito pelo Executivo é a extensão dos reajustes aos benefícios de valor
superior a um salário mínimo pagos pela Previdência Social (aposentadorias e
pensões). Essa mudança foi feita na Câmara, depois de a comissão mista que
analisou o texto ter rejeitado várias emendas com esse objetivo. O governo é
contra esse reajuste.
Um dos maiores defensores da mudança feita na Câmara, o senador Paulo
Paim (PT-RS) questionou se era justo deixar de ter uma política para reajustar
os benefícios de quem ganha acima de um salário mínimo. Muitos aposentados de
hoje, segundo o senador, contribuíram sobre um valor bem maior e veem, a cada
ano, seus benefícios diminuírem.
- Se não houver uma política salarial que garanta que o benefício do
aposentado cresça, no mínimo, o correspondente ao salário mínimo, com certeza
absoluta, ligeirinho, ligeirinho, todos os aposentados do Regime Geral ganharão
somente um salário mínimo, não importando se pagaram sobre dez, sobre cinco,
sobre oito ou sobre três – disse Paim.
Manobra
Durante a tramitação no Senado, não se discutiu essa mudança, a mais
polêmica do texto. O parecer do relator, senador José Pimentel (PT-CE) foi pela
aprovação de outra emenda apresentada por Cristovam Buarque (PDT-DF) para
adotar como índice para a correção do mínimo o IPC-C1, IPC relativo às famílias
com renda mensal entre 1 e 2,5 salários mínimos.
Segundo Cristovam, o índice é mais apropriado do que o INPC para
corrigir valores associadas às famílias de renda mais baixa, que gastam
parcelas maiores dos seus gastos com alimentação, por exemplo.
O líder do PSDB, senador Cássio Cunha Lima (PSDB-PB), no entanto,
alertou para o risco de perder a mudança já conquistada. Apesar de
considerar a emenda meritória, Cunha Lima lembrou que sua aprovação faria com
que o texto voltasse para a Câmara. O efeito disso poderia ser a falta de tempo
para a aprovação. Assim, a extensão dos reajustes aos benefícios acima do mínimo
não entraria em vigor, como era a vontade do governo.
- O governo tantas e tantas vezes pediu para que não mudássemos
determinadas medidas para que elas não retornassem à Câmara por questões de
prazo. Agora, o governo esquece esse discurso e abraça uma proposta que é
meritória, mas que tem um efeito concreto: derruba uma conquista alcançada na
Câmara com muito suor, com muita dificuldade - alertou
A emenda chegou a ser aprovada de maneira simbólica, mas senadores
pediram a verificação de quórum. A emenda acabou rejeitada por 34 votos a 25,
com muitas manifestações nas galerias. Por causa das vaias à tentativa de
aprovar a emenda, senadores saíram em defesa de Cristovam Buarque, cuja
intenção, disseram, era legítima.
Regras
O salário mínimo atual é de R$ 788. O reajuste anual será baseado na
variação do INPC acumulado no ano anterior, acrescido da taxa de crescimento
real do PIB apurada dois anos antes.
Dessa forma, para 2016, 2017, 2018 e 2019, serão acrescidos ao INPC do
ano anterior as taxas de crescimento real do PIB de 2014, 2015, 2016 e 2017,
respectivamente. Os índices de aumento serão publicados por decreto do
Executivo anualmente.
Esta é a mesma regra que vem sendo usada para reajustar o salário mínimo
desde 2012, como determina a Lei 12.382/11. A norma estabeleceu que uma outra
lei definiria a regra de correção para o período de 2016 a 2019. O governo,
porém, decidiu manter a sistemática em vigor. Este modelo de reajuste foi
negociado no governo Lula com as centrais sindicais.
A MP 672 determina que, até o final de 2019, o governo enviará ao Congresso
Nacional projeto definindo o modelo de reajuste para o período 2020-2023.
O salário mínimo é usado como referência para os benefícios
assistenciais e previdenciários, como o abono salarial, o Benefício de
Prestação Continuada (BPC) e as aposentadorias e pensões do Instituto Nacional
do Seguro Social (INSS). De acordo com o governo, a cada R$ 1 de aumento do
salário mínimo, os gastos previdenciários e assistenciais sobem R$ 293,6
milhões.
Com informações da Câmara dos Deputados
Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência
Senado)
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