segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Por que os servidores da Previdência não integram a carreira típica de Estado?

Por Paulo César Régis de Souza (*)
A Associação Nacional dos Servidores da Previdência e da Seguridade Social (Anasps) está desfraldando mais uma bandeira para conquistar a inclusão dos servidores da Previdência Social, Ministério e INSS, no grupo dos que exercem atividades exclusivas e típicas de Estado.

A nossa exclusão é inaceitável e injustificável.

A nossa responsabilidade na gestão da Previdência Social vem de longe, desde a criação dos caixas e dos institutos de aposentadorias e pensões. Tem 90 anos. Várias gerações de servidores passaram por nossas unidades e milhões de brasileiros foram contribuintes e beneficiários.

 Infelizmente, por falta de uma política de recursos humanos à altura das necessidades de um país de 200 milhões de habitantes, com 60 milhões contribuindo para qualquer tipo de Previdência e 31 milhões recebendo benefícios previdenciários e assistenciais, os responsáveis pelo Regime Geral de Previdência Social-RGPS, continuamos sendo discriminados em carreiras, salários e cargos.  Isto é uma vilania de um Estado que trata mal seus servidores e seus cidadãos.

Tudo que diz respeito aos servidores tem tratamento diferenciado e complicado. O fim da isonomia entre civis e militares, ativos e inativos, e instituidores de pensão, inaugurou o ciclo da mesquinharia e das iniquidades. Instalou-se a desordem no setor público.

Criaram-se gratificações de produtividade que não medem produtividade de nada, para que não fossem incorporadas às aposentarias. Mesquinharia! A saúde do servidor foi jogada na vala do circo dos horrores do SUS. Mesquinharia! O vale transporte está defasado. Mesquinharia. O vale refeição é um terço dos vales do Legislativo e do Judiciário. Mesquinharia! As perdas salariais dos últimos 20 anos para a massa dos servidores chegam a 100%. Mesquinharia! Proibiram o ingresso de brasileiros a um sem número de carreiras, que passaram a ser terceirizadas, para que não tivessem aposentadorias públicas. Vilania! As carreiras estão em extinção e os servidores esperando chegar à expulsória! Terrível.

A Anasps nestes seus 20 anos não tem feito outra coisa: combater os desmandos e os lapsos legais na área de gestão de pessoas. Há um complô entre seus responsáveis de vilipendiar os servidores que nos obriga a entrar com ações judiciais, para obtermos na Justiça o que nos negam na legislação ordinária. Algo inexplicável. Só nós da Anasps temos 88 ações.

 A horda de terceirizados e arrivistas que chafurdam no Serviço Público Federal, como porcos gordos, cerca de 25 mil nos mais altos das da República. Comissionados e com chapa de partido político, sem compromisso ou comprometimento com as instituições, mas com seus padrinhos, contribuiram para isso.

Acredito que esta é uma situação que não pode ficar indefinida.

Outros grupos que desenvolvem atividades exclusivas e típicas de Estados, tão importantes e relevantes como nós, já foram reconhecidos e classificados em carreiras típicas de Estado. Inclusive se mobilizam até os dentes para trazer de volta os quinquênios. Até mesmo na Previdência, os peritos médicos ganharam, recentemente, embora através de mandato judicial, o reconhecimento. Tiveram que bater às portas da justiça para que assim fossem reconhecidos.

A reação dos gestores de pessoas é sempre a mesma. Tem impacto nas contas públicas, o que é uma mentira. Um servidor com R$ 20 mil mensais de vencimento, recebe liquido menos de R$ 15 mil. Sendo um quinto garfado pelo Imposto de Renda e a Previdência.

O Estado brasileiro não se restringe aos servidores do controle interno, segurança pública, planejamento e orçamento, gestão governamental, comércio exterior, política externa, monetária e cambial, receita federal, policia federal, ministério e defensoria público.

Para eles, tudo, para nós a lei, a ordem e o desprezo!

A Constituição de 1988 definiu bem o papel da Previdência Social. O Estado tem o monopólio de normatizar e administrar o Regime Geral de Previdência Social (RFGPS), de legislar e supervisionar sobre Previdência Social, dos fundos de pensão, públicos e privados, e Previdência nos Estados e Municípios, os chamados Regimes Próprios, com ativos de quase R$ 1 trilhão.

“Só isto bastaria para que fôssemos reconhecidos como servidores típicos de Estado”.

Esta situação ainda é mais expressiva quando apresentamos o nosso trabalho, em números. 
Contribuintes = 60 milhões
Beneficiários – 31 milhões, 22,5 milhões urbanos e 8,5 milhões rurais
Arrecadação Bruta - R$ 409.1 bilhões últimos 12 meses
Arrecadação Liquida – R$ 287.1 bilhões últimos 12 meses
Pagamento Total de Benefícios - 407,7 bilhões nos últimos 12 meses
Pagamento de Benefícios do RGPS - R$ 334,0 bilhões nos últimos 12 meses
Agências do INSS – 1.500
Servidores - 32,0 mil
Processos movimentados por ano – 25,0 milhões.
Movimentação de benefícios – em 2012, 8.4 milhões de benefícios solicitados, 4.9 milhões concedidos e 3.3 milhões indeferidos.
As transferências da Previdência Social para 70% dos municípios foram maiores do que os transferências do Fundo de Participação dos Municípios e dos Estados.
Os recursos do RGPS representaram em média 14,4% do PIB dos municípios.
Em 3.382 municípios, o volume de recursos para a clientela rural foi maior do que o direcionado à clientela urbana.
Na Previdência Complementar, os ativos dos fundos de pensão – R$ 649.0 bilhões; os ativos dos planos privados de previdência – R$ 329,7 bilhões; nos regimes próprios, 8 milhões de servidores, ativos, inativos e instituidores de pensão participam de 2.236 institutos de previdência de estados e municípios.

(*) Paulo César Regis de Souza é Vice-Presidente da Associação Nacional dos Servidores da Previdência e da Seguridade Social.

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