CCJ
aprova admissibilidade da prorrogação da DRU, sem fundos constitucionais.
Mudança feita pela comissão retirou os fundos constitucionais do Norte,
Nordeste e Centro-Oeste da DRU porque desvinculação poderia ferir o pacto
federativo. Proposta segue para análise de comissão especial
04/11/2015 - 15h35
Após três
dias de discussão e uma nova reunião com quatro horas de duração, a Comissão de
Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ) da Câmara dos Deputados aprovou,
nesta quarta-feira (4), a admissibilidade
da prorrogação da Desvinculação de Receitas da União (DRU),
mecanismo previsto na Constituição que expira no final do ano.
Com a aprovação, as
três propostas de emenda à Constituição (PECs 4; 87; e 112, todas de 2015) que
prorrogam a DRU de diferentes maneiras (veja quadro) foram admitidas e
poderão ser analisadas agora por uma comissão especial. Depois, a matéria, se
aprovada, seguirá para o Plenário da Câmara, onde terá de se votada em dois
turnos.
Os detalhes da
proposta final serão definidos pela comissão especial, e a votação da CCJ é uma
espécie de sinal verde para que esse trabalho comece. A CCJ fez apenas uma
ressalva ao texto, suprimindo da proposta os fundos constitucionais do Norte,
Nordeste e Centro-Oeste, que distribuem recursos da União para os estados
dessas regiões. O argumento utilizado foi de que a desvinculação dessas verbas
feria a relação entre os entes federados.
A DRU foi criada
junto com o Plano Real, na década de 1990, a fim de permitir que o governo
federal flexibilize alguns gastos obrigatórios. Atualmente, o mecanismo garante
que o Executivo possa usar livremente 20% de todos os impostos e contribuições
sociais e econômicas federais – verbas que, de outra forma, estariam vinculadas
a áreas específicas. Na lei orçamentária de 2015, o Planalto projetou a
desvinculação deste ano em R$ 121,7 bilhões, mas, com a retirada dos fundos
regionais, cerca de R$ 2 bilhões devem sair dessa conta.
Se não for
prorrogada pelo Congresso, a DRU expirará em 31 de dezembro. Um dos textos
aprovados hoje, a PEC 87/15, enviada
pelo Executivo, determina que o percentual das receitas de tributos federais
que poderá ser usado livremente passará de 20% para 30%. A proposta, porém,
limita quais tributos podem ser desvinculados – o Imposto sobre Produtos
Industrializados (IPI) e o Imposto de
Renda (IR) estão entre as proibições.
Seguridade
O relator na CCJ, deputado Marcos Rogério (PDT-RO), defendeu a aprovação das PECs. Ele ressaltou que outros detalhes deverão ser debatidos na comissão especial e afirmou que não aprovar a DRU significa obrigar a União a executar gastos de pouca prioridade apenas porque estão vinculados.
O relator na CCJ, deputado Marcos Rogério (PDT-RO), defendeu a aprovação das PECs. Ele ressaltou que outros detalhes deverão ser debatidos na comissão especial e afirmou que não aprovar a DRU significa obrigar a União a executar gastos de pouca prioridade apenas porque estão vinculados.
Já o deputado
Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP), contrário à medida, argumentou que o maior
atingido será o setor de Seguridade Social, que compreende a Previdência e a
Assistência Social, com programas como o Bolsa Família. Como a PEC 87/15
expande de 20% para 30% a desvinculação que atinge as contribuições sociais, na
visão do deputado, isso representaria um aumento muito grande do que é retirado
da área. "Se falta dinheiro para a Previdência, não pode aumentar a DRU em
50% - essa conta não fecha. Se não perdesse recursos pela DRU, a Seguridade
teria R$ 54 bilhões de superavit em 2014", defendeu.
O relator, por sua
vez, rebateu esse argumento. Segundo Marcos Rogério, a Seguridade acaba
absorvendo de volta todas verbas que são retiradas dela por meio
da DRU. "Em
2015, houve a desvinculação de R$ 74,8 bilhões da Seguridade pela DRU, mas
foram devolvidos R$ 89,5 bilhões para o setor. Não há razão para temer por
prejuízos na seguridade", comentou.
Vinculação
Favorável à prorrogação da DRU, o deputado Rubem Pereira Júnior (PCdoB-MA) avaliou que não existe outra alternativa atualmente, porque mais de 89% do orçamento federal têm alguma forma de vinculação. Segundo estudos do Ministério do Planejamento, informou o parlamentar, quase 93% do orçamento da União estão condicionados a algum gasto ou programa. "Existe algum modelo de gestão no Brasil sem a DRU? Temos de fazer esse debate e talvez mudar esse sistema, mas hoje é impossível governar sem a desvinculação", disse.
Favorável à prorrogação da DRU, o deputado Rubem Pereira Júnior (PCdoB-MA) avaliou que não existe outra alternativa atualmente, porque mais de 89% do orçamento federal têm alguma forma de vinculação. Segundo estudos do Ministério do Planejamento, informou o parlamentar, quase 93% do orçamento da União estão condicionados a algum gasto ou programa. "Existe algum modelo de gestão no Brasil sem a DRU? Temos de fazer esse debate e talvez mudar esse sistema, mas hoje é impossível governar sem a desvinculação", disse.
Já o deputado
Danilo Fortes (PSB-CE) comentou que é preciso acabar com a DRU para dar mais
controle às contas públicas. "Esses recursos desvinculados são utilizados
para superavit e pagamento de juros. Nenhum centavo desse dinheiro foi usado
para investimento ou para amenizar, por exemplo, os efeitos da seca no
Nordeste", criticou.
Com a promulgação da emenda
constitucional que resultar da aprovação da PEC 56/2014, as aposentadorias por
invalidez já concedidas deverão ser recalculadas, para se adaptarem ao novo
texto. Em seu voto, Jucá acatou o texto original da proposta, apresentada pela
deputada Andreia Zito (PSDB-RJ), com uma emenda de redação para ajustar a
ementa da PEC.
Ana Amélia critica veto à
'desaposentação'
Da Redação | 05/11/2015, 14h54 - ATUALIZADO EM 05/11/2015,
16h40
Geraldo Magela/Agência Senado
Ao
comentar a sanção da lei que estabelece novas regras para aposentadoria, nesta
quinta-feira (5), a senadora Ana Amélia (PP-RS) criticou o veto da Presidência
da República à possibilidade de “desaposentação”, com recálculo do benefício
para quem continua a trabalhar depois de se aposentar.
A lei
sancionada é oriunda da Medida Provisória 676/2015, aprovada no início de outubro
pelo Senado e que estabelece a regra conhecida como 85/95. Ou seja: para se
aposentar sem redução, a mulher deve ter pelo menos 30 anos de contribuição e a
soma desse tempo com a idade deve atingir 85. Para os homens, os 35 anos de
contribuição somados à idade devem atingir 95, no mínimo.
— A
presidente Dilma Rousseff vetou artigo que autorizava a 'desaposentadoria',
aumentando a insegurança jurídica e a incerteza para aqueles trabalhadores que,
mesmo com direitos à aposentadoria, precisaram continuar trabalhando — frisou a
senadora.
Ela afirma que muitos
aposentados não conseguem viver apenas com o valor da aposentadoria, sendo
obrigados a se manter na ativa. Para esses brasileiros, frisou, a possibilidade
de "desaposentação" era esperada com grande expectativa.
— A
"desaposentação" é medida de justiça para os que continuam
trabalhando e contribuindo com a Previdência. O aposentado, no novo trabalho,
volta a pagar a contribuição ao INSS, mas não recebe nenhum benefício por isso
— frisou Ana Amélia.
Ela defende que essas
contribuições sejam consideradas no novo cálculo da aposentadoria, da forma
como foi aprovado pelo Congresso Nacional. O assunto também está em julgamento
no Supremo Tribunal Federal (STF) e Ana Amélia disse esperar que a conclusão
seja em favor dos aposentados.
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Ano
XVIII, Edição nº 1.428
Brasília, 13 de Novembro de 2015
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