O grande dilema do INSS
Por Paulo César Régis de Souza (*)
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O Instituto Nacional do Seguro Social-INSS responsável pela concessão de 4/5 milhões de benefícios/ano contra 7 milhões
de pedidos e a manutenção de outros 31
milhões, está com um grande dilema, a
curto prazo.
Estimou o
Tribunal de Contas da União-TCU, em uma de suas auditorias operacionais, de 09.07.2014, que até 2017 o INSS poderá perder até 50% de sua força de trabalho com a aposentadoria de 18.420 servidores emum universo de 39. 392, dos quais 10,6 mil (25%) já recebem abono de permanência .
Lembramos
que as atividades do Seguro Social exigem uma qualificação diferenciada e um
aprendizado continuado e que se transforma em
"expertise" o
conhecimento da legislação previdenciária, que muda diariamente pelo
Legislativo, Judiciário, Súmulas, Pareceres e Interpretações , e sua correta
aplicação demanda um servidor preparado,
que é responsável pela concessão de
milhares de benefícios que produzem impacto na despesa do Instituto.
Muitas vezes
um simples erro vira fraude.Muitas vezes um benefício mal concedido tem vida
eterna.
Mesmo que se
queira em curto espaço de tempo repor esta força de trabalho, necessário porque
estes servidores terão que ir embora, até pela expulsória, isto exigirá um esforço
enorme da administração na seleção e capacitação do novos servidores.
Os
aposentáveis não se dispõem a buscar sua
aposentadoria em função da perda significativa de mais de 60% do seu ganho
quando na inatividade.Os 50% da Gratificação do Seguro Social-GADSS que
perderão representam 70% de sua renda.
Urge, por
parte do INSS, implantar uma política de pessoal capaz de substutuir esta iminente aposentadoria dos servidores,
por pessoal mais jovem, sem que isto
afete a qualidade dos seus serviços.
Mais
importante como lembra o TCU: que seja
observada Norma da Associação Brasileira de Normas Técnicas-ABNT, de Gestão de Continuidade
de Negócios, que convém que "a organização identifique as estratégias para
manter as habilidades e conhecimentos fundamentais", da geração o que está
indo embora e da geração que entrará. Do contrário, teremos indubitavelmente "a
perda de memória institucional o que impediria a transmissão de conhecimento
dos servidores mais experientes para os novos contratados". Além do mais a
concessão de benefícios poderá sofrer
retardos e apresentar erros e falhas que
comprometerão o Regime Geral de
Previdência Socal-RGPS . Não se trata de
questão estrutural de financiamento do RGPS, mas de uma questão
gerencial absolutamente urgente, pois todo o processo de transição de pessoal
leva tempo.
Alerto os
candidatos à Presidência da República que a Previdência Social deve ser
prioridade nas suas plataformas, não só no plano de sua governança
admninistrativa, pois seu futuro está ameaçado, rompendo o equilíbrio do pacto social e do contrato intergeracional,
bem como a segurança de uma crescente população de idosos,que chegará em 2030 a 40 milhões de brasileiros. É bom que
em suas plataformas tenham a previdência social como uma de suas visões de
Estado e de Governo, nao só em termos de concessão, manutenção de beneficios
previdenciários e acidentários, mas no seu financiamento, dilacerado e
desestruturado desde que seu financiamento foi indevidament apropriado pela
Receita Federal e o Tesouro Nacional.
O que nos
causa indignação é a indiferença estúpida e siderúrgia do Ministério do
Planejamento, insensível a qualquer tentativa de solução do problema de gestão
de pessoas.
Não é por
falta de propostas concretas. Nós da
ANASPS há 22 anos clamamos por um Plano de Carreira adequado às justas necessidades do INSS e às
aspirações dos servidores. Em diversas oportunidades apresentamos projetos. Nos
anos de trevas fomos excluidos de contatos com o Planejamento.
O ministro
Garibaldi Alves, desde 2010, criou um Grupo de Trabalho no INSS para adoção de
uma política de pessoal consequente, corrigindo distorções, voltada para
futuro do INSS. Algumas iniciativas, inclusive as nossas, foram consideradas, mas infelizmente
não há acolhida por parte do Planejamento que não aceita sugestões, apelos, solicitações,
seja de quem for, para atenuar as dificuldades de recursos humanos do INSS.
Fizemos greves, muitas greves, nem assim nos atenderam.
Sei que a
questão central , extensão da Gratificação de Desempenho do Seguro
Social-GDASS aos inativos é deixada para as calendas de mudanças legais ou
decisões judiciais.
Este é um
agravo do dilema: os servidores que recebem o abono estão presos ao INSS e
assegurando a governança institucional da instituição, num esforço sobre-humano,
numa idade em que teriam de estar aposentados, pois trabalham para manter a
dignidade de suas vidas e o sustento de suas famílias.
A ANASPS,
atenta a este problema de pessoal, recentemente teve aprovada pelo MEC a
Faculdade ANASPS que se dispõe a colaborar com a Previdência na capacitação dos
novos servidores.
Nos
associamos aos que se empenham na solução deste dilema. O que está em jogo não
é apenas a autarquia INSS e sua suas esatruturas, mas o maior patrimonio dos
trabalhadores que caminha para 92 anos
de pesença nas suas vidas.
0 país não
pode se dar ao luxo de comprometer o futuro, o sonho e a esperança da
Previdência Social e da proteção dos trabalhadores. O INSS segue sendo a maior seguradora da América Latina e uma das
maiores do mundo. Tem que se administrado na sua exata dimensão,com 60 milhoes
de segurados contribuintes e 31 milhçies de beneficiários. Não com a pequenez dos que nbao tem visão de
Estado e de Governo.
(*)Paulo César Régis de Souza é Vice-Presidente
Executivo da Associação nacional dos Servidores da Previdência Social-ANASPS.
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