ORÇAMENTO
Equipe econômica prevê
déficit de R$ 170,5 bilhões em 2016
Projeção revela real
situação das contas públicas encontrada pelo novo governo. Proposta foi
aprovada pelo Congresso Nacional.
Ministério do Planejamento , NOTÍCIAS 23-05-2016
O governo federal irá encaminhar
nova meta fiscal ao Congresso Nacional que prevê déficit primário de R$ 170,5
bilhões para este ano. “O número foi fechado com muita responsabilidade com
a preocupação de tratar de forma verdadeira o quadro atual da economia”,
afirmou o ministro do Orçamento, Desenvolvimento e Gestão, Romero Jucá, em
entrevista realizada junto com o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, nesta
sexta-feira (20).De acordo com o ministro do Planejamento, o objetivo é
trabalhar com dados realistas para evitar novas revisões nas projeções. “Meta
fiscal não é novela para ser apresentada em capítulos”, disse Jucá.
A nova projeção não
contempla medidas que dependem de aprovação legislativa a serem anunciadas nas
próximas semanas e que poderiam impactar as receitas. Segundo Jucá, o governo
encaminhará emenda ao projeto sobre a nova meta fiscal para ser votado na
Comissão Mista de Orçamento (CMO) e depois em sessão conjunta no Congresso até
quarta-feira (25). O projeto de lei anterior previa déficit de R$ 96
bilhões e contingenciamento adicional de R$ 44,6 bilhões nas despesas de
governo. O montante a ser contingenciado foi revisto e deve ter agora redução
de R$ 20 bilhões.
A previsão de aumento das
despesas levou em conta a renegociação da dívida dos estados, restos a pagar,
obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), a retomada e ampliação de
obras em estradas e gastos nas áreas da saúde e defesa. Do lado das receitas,
foi concluído que haviam sido superestimadas. “Com gestão e governança,
trabalhamos para diminuir essas despesas”, observou Jucá, salientando que os
dados apresentados refletem ainda a situação encontrada pelo governo do
presidente Michel Temer.
O Relatório de Avaliação de
Receitas e Despesas Primárias, apresentado nesta sexta-feira (20), seguindo
parâmetros macroeconômicos atuais projetava inicialmente déficit de R$ 113,9
bilhões. Mas a inclusão dos riscos fiscais da renegociação de dívidas estaduais
e despesas já contratadas de R$ 71,6 bilhões, elevou o valor a 185,5 bilhões.
Entretanto, a expectativa da União de arrecadar R$ 15 bilhões com a repatriação
de capitais, trouxe o número para R$ 170,5 bilhões. Em relação ao
desempenho dos estados e municípios, está previsto que tenham superávit de R$
6,554 bilhões, levando o resultado do setor público consolidado a R$ 163,9
bilhões.
Medidas vão focar na eficiência do gasto e na
sustentabilidade da dívida, diz Meirelles. Em seminário, ministro diz que
controle rígido e permanente da despesa elevará a confiança e estimulará a
recuperação da arrecadação e do emprego
Publicado pelo Ministério da Fazenda em
23/05/2016 17h26 última modificação:
23/05/2016 18h00
Gustavo Raniere/GMF
As medidas de política econômica que o governo
anunciará nesta terça-feira (24/07) serão focadas no controle das
despesas primárias e financeiras, na eliminação de ineficiências do gasto
público e na busca pela melhoria do desempenho da prestação de serviços às
camadas mais pobres da população. A afirmação foi feita pelo ministro da
Fazenda, Henrique Meirelles, durante participação no seminário “O Brasil que
temos para o Brasil que queremos”, promovido pela revista Veja em (23/5).
“A
ideia é exatamente um plano de voo, com medidas que tenham efeitos plurianuais
e impactos permanentes”, disse Meirelles. A ênfase, portanto, será menos numa
melhora pontual do resultado primário e mais na tentativa de colocar a dívida
pública em uma trajetória de sustentabilidade no longo prazo.
O
ministro destacou que, se nada for feito, a dívida pode ultrapassar, em
alguns anos, a marca de 80% do PIB, aproximando-se do dobro da média dos
países emergentes, hoje em 44% do PIB. “Corremos risco de descumprimento da
chamada regra de ouro, que veda emissão de dívida além do necessário para rolar
a dívida vincenda e pagar as despesas de capital”, disse Meirelles.
A
combinação de aumento permanente da carga tributária com contenção temporária
das despesas – fórmula historicamente usada para resolver crises fiscais no
Brasil – não se aplica mais, disse o ministro. De um lado, a carga tributária
já atingiu um patamar que introduz ineficiências nas decisões dos agentes
econômicos e limita o crescimento. De outro, o aumento do gasto concentrou-se em
despesas obrigatórias, que dão pouca margem de manobra para ajustes.
Desta vez, “o processo começa por controle
rígido e rigoroso da despesa”, afirmou Meirelles. O reforço da mensagem de que
não haverá mais desequilíbrio fiscal trará aumento da confiança, do emprego, do
investimento e consequente elevação da arrecadação tributária, facilitando o
reequilíbrio das contas públicas, explicou o ministro. “O aumento da
arrecadação tem que vir como consequência do processo, não como pressuposto de
saída do processo”, defendeu.
Meirelles destacou que as ações a serem
tomadas pelo governo não são um fim em si mesmas. “Elas, sem exceção, são um
meio – a rigor o único – de trazer de volta ao mercado de trabalho os 11
milhões de brasileiros que hoje estão desempregados, de reduzir a dúvida de
empresários quanto ao futuro dos seus negócios, de diminuir a insegurança dos
trabalhadores que conseguiram permanecer no emprego, de garantir que, em cinco,
dez ou 15 anos os nossos aposentados receberão seus benefícios”, disse o
ministro.
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Ano XVIII, Edição nº 1.482
Brasília, 26 de Maio de 2016
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