Considerações
sobre os benefícios previdenciários
Por Paulo César Régis de Souza (*) |
Lendo os
documentos de gestão previdenciária e, verdade seja dita, o Ministério da
Previdência Social e o INSS avançaram muito neste quesito, nos deparamos com a
informação de que a quantidade das aposentadorias previdenciárias cresceu em 2013
em relação a 2012. Em termos de Regime Geral de Previdência Social- RGPS,
(benefícios previdenciários e acidentários) a expansão foi de 3,7%, considerado
o universo de 31,1 milhões (a população da Paraguai. Uruguai e Equador, juntas.
Não dá para acender a luz vermelha, mas a amarela serve de aviso para eventuais
desvios: invalidez crescimento de 1,9% ;
auxílios doença, 9,6%, os salários maternidade , 10,6% ,
auxílios acidente 3,1% as pensões por morte, 2,6%.
A Previdência
tem sido rigorosa, e não poderia ser diferente, na concessão de benefícios. Em
2013, foram requeridos 8,6 milhões de benefícios, sendo 4,6 milhões por
incapacidade e 4.0 milhões dos demais benefícios. No período foram concedidos 5.2 milhões, sendo
3,0 milhões por incapacidade e 2,2 milhões dos demais benefícios. Foram indeferidos
3,2 milhões de benefícios sendo 2,0 milhões por incapacidade e 1,2 milhão dos demais
benefícios.
O que se
observa nos últimos anos é um crescimento da demanda de benefícios por
incapacidade, por causas objetivas (doenças do trabalho e acidentes de trabalho
e transito) e subjetivas, especialmente culturais (idade e incapacitação
profissional). Também se observa um expressivo número de indeferimentos
Merece reconhecimento à ação do INSS com a Advocacia
Geral da União para cobrar, por ação regressiva, os danos causados à Previdência
especialmente nos acidentes de trabalho e de trânsito, bem como nos casos de
violência contra a mulher, desde que o infrator seja responsável pelo dolo.
Em termos de
valores, em dezembro de 2013, as 3.122. 374 aposentadorias previdenciárias por
invalidez (10,01% do total), em manutenção no RGPS, custaram R$ 2,6 bilhões (9,82%
do total); os 1.457,433 de auxilio doenças custaram R$ 1,3 bilhão; as 7.159.242
com despesa de R$ 5,9 bilhões; os 91.948 salários maternidade representaram
R$51,9 milhões.
Temos
observado um grande crescimento dos acidentes de transito no Brasil. São mais
de 40 mil óbitos e 800 mil pessoas levadas a incapacitação, uma parte delas definitiva. São notáveis os
prejuízos causados pelos acidentes, pois a maioria das vitimas são pessoas jovens,
abaixo dos 35 anos. O ônus social é muito grande, pois retira do mercado de
trabalho pessoas ativas que poderiam contribuir para o desenvolvimento do país.
Destacam-se as despesas inicialmente com assistência medica e, nos casos dos
segurados da previdência, as despesas com reabilitação profissional e pagamento
de benefícios. Isto também denota insuficiência
das ações de prevenção à saúde e segurança no ambiente e no trabalho.
As mortes
precoces, as incapacidades e a invalidez impactam a previdência em dois
momentos: quando se perde um segurado em plena atividade produtiva deixando de produzir
e contribuir, e ao mesmo tempo este segurado poderá causar dois tipos de
despesa: o seu beneficio (auxilio doença ou aposentadoria) ou, no caso da
morte, uma pensão para a viúva e seus dependentes que se alongará no tempo. Uma
pensão por morte para um segurado com 10 anos de contribuição representará uma
despesa por mais de 50 anos, presumivelmente. Um custo elevado não coberto
atuarialmente.
Nos causa um
certo desconforto constatar que as pensões por morte no INSS se situam em 22. 00,% do quantitativo e 21,74% da despesa,
resultante do aspecto demográfico e da generosidade da legislação que o governo
não quer mudar.
Além do que, as novas doenças sociais, como as sugeridas pelo intenso
uso de drogas ilícitas. Começaram a impactar a Saúde, de forma exponencial e
descontrolada, e a Previdência Social. Um dado recém-conhecido revela que “nos
últimos oito anos, o total de auxílios-doença relacionados à dependência
química simultânea de múltiplas drogas teve um aumento de 256%, pulando de
7.296 para 26.040. No mesmo período, o benefício concedido a viciados em
cocaína e seus derivados, como crack e merla, também mais do que triplicou.
Passou de 2.434, em 2006, para 8.638, em 2013, num crescimento de 254%. O uso
de maconha e haxixe resultou, por sua vez, em auxílio para 337 pessoas, em
2013, contra 275, há oito anos”.
O INSS tem se manifestado, reservadamente, a sua preocupação
com as consequências desse problema social. “A soma de auxílios-doença
concedidos a usuários de drogas em geral, como maconha, cocaína, crack, álcool,
merla, fumo, alucinógenos e anfetaminas,” envolvendo, “em 2013, 143.451
usuários, teria custado R$ 9,1 milhões. Os benefícios pagos a usuários de mais
de uma droga somaram R$ 26,2 milhões. E a cifra total, relativa a todas as
drogas (incluindo álcool e fumo), chegou a R$ 162,5 milhões”. Os dados são
preliminares, mas refletem uma tendência que merece atenção por parte da
Previdência Social.
Vejam vocês que a nossa Previdência Social
constitui um pilar de sustentação da sociedade brasileira, com suas virtudes e
suas misérias. É preciso que os governantes e mais do que os governantes (tão
distanciados da Previdência, no Executivo, no Judiciário e no Legislativo) a
sociedade brasileira, que é quem paga a conta, se conscientizem da
responsabilidade com o dia de hoje e, principalmente, com o dia de amanhã. A
incerteza está batendo na nossa porta.
Não é justo que se brinque com esperança do povo brasileiro.
(*) Paulo César Régis de Souza é Vice - Presidente
Executivo da Associação Nacional dos Servidores da Previdência e da Seguridade
Social-ANASPS.
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