Governo
apresenta medidas de reforma fiscal
Medidas
englobam Plano de auxílio aos estados e ao Distrito Federal, proposta de limite
para crescimento do gasto, Regime Especial de Contingenciamento (REC) e uso de
depósitos remunerados
Publicado pelo Ministério do
Planejamento: 21/03/2016 19h28
Os ministros do Planejamento, Orçamento e Gestão, Valdir Simão, e da Fazenda, Nelson Barbosa, apresentaram nesta segunda-feira (21/) o detalhamento da reforma fiscal do governo. As medidas englobam o Plano de auxílio aos estados e ao Distrito Federal, a proposta de limite para o crescimento do gasto, o Regime Especial de Contingenciamento (REC) e a possibilidade de usar depósitos remunerados como instrumento secundário de política monetária
Os
ministros da Fazenda, Nelson Barbosa, e do Planejamento, Orçamento e Gestão,
Valdir Simão, apresentaram as medidas de reforma fiscal do governo.
Projeto de Lei complementar terá quatro
propostas estruturantes para apreciação do Congresso Nacional
O ministro da Fazenda,
Nelson Barbosa, detalhou nesta segunda-feira, 21/03, as quatro medidas que
o governo encaminhará ao Congresso Nacional esta semana, por meio de um Projeto
de Lei Complementar, para aperfeiçoar a gestão das finanças da União e dos
governos estaduais. O objetivo é estabilizar o nível de renda e o emprego no
atual momento de retração da atividade e também promover uma
reestruturação fiscal duradoura e sustentável.
Para dar um alívio
financeiro imediato aos estados e ao Distrito Federal, o governo propõe o alongamento
do prazo de pagamento das dívidas dos entes com a União em 20 anos, no âmbito
da Lei 9.496, de 1997. O plano de auxílio aos estados e ao DF inclui uma
proposta de renegociação das operações de crédito contratadas junto ao BNDES
até dezembro de 2015, promovendo um acréscimo de 10 anos nos prazo de
pagamento, com quatro anos de carência. Como benefício complementar, o
governo poderá conceder redução extraordinária de 40% nas prestações mensais
dos estados com nível maior de endividamento com a União.
Em todas as três
possibilidades de acordo, o governo federal exigirá contrapartidas de
reforma fiscal dos estados. No caso de as 27 unidades da
federação assinarem os contratos aditivos de renegociação, a
estimativa de impacto das propostas será de R$ 45,5 bilhões até
2018 (na hipótese de entrarem em vigor a partir de julho). “Essa
é uma medida que resolve o problema de liquidez dos entes nessa fase de redução
do nível de atividade que está afetando a renda das famílias, das empresas, dos
estados e da União. É um adequado e temporário auxílio financeiros em troca de
contrapartidas”, comentou o ministro Nelson Barbosa.
A segunda medida
apresentada pelo ministro é a proposta de limite para o crescimento do gasto da
União. A Lei de Responsabilidade Fiscal disciplinará a implementação de um
limite plurianual para as despesas primárias federais como percentual do
PIB fixado no Plano Plurianual (PPA).
A partir da definição
do limite em percentual do PIB no PPA, a Lei de Diretrizes
Orçamentárias (LDO) fixará um valor nominal do limite de gasto para cada ano.
Se na elaboração da Lei Orçamentária Anual (LOA) houver previsão de que o
limite pode ser descumprido, serão acionadas automaticamente medidas de redução
das despesas.
O mecanismo
automático pode ser acionado em três estágios. O primeiro
estágio inclui ações como a restrição à ampliação do quadro de pessoal, vedação
à criação de cargos, funções, alteração da estrutura de carreiras e contratação
de pessoal, restrição a reajustes reais de salários de servidores, vedação de
concessão de aumentos de remuneração acima do índice de inflação, entre outras.
No segundo estágio,
poderá haver restrição adicional a reajustes de salários de servidores, vedação
de aumentos nominais de remuneração dos servidores públicos, restrição à
concessão de subsídios, restrição ao crescimento das despesas, com a despesa
discricionária e de custeio administrativo limitadas ao valor empenhado no ano
anterior, sem correção pela inflação, e ainda a redução adicional das despesas
com cargos em comissão, com corte adicional ao 1º estágio de pelo menos 10% das
despesas com cargos de livre provimento.
Por fim, no terceiro
estágio, a proposta prevê o aumento do salário mínimo pela inflação (conforme
determina a Constituição), o corte nas despesas com benefícios a servidores,
com redução em até 30% dos gastos com servidores decorrentes de parcelas
indenizatórias e vantagens de natureza transitória (transferências, diárias,
etc.), e ainda a redução voluntária de despesas com servidores por meio da
implementação de programas de desligamento voluntário e licença incentivada
para servidores e empregados, que representem redução de despesa.
Segundo Nelson Barbosa,
essa é uma iniciativa necessária nesse momento em que as despesas primárias
então crescendo em relação ao PIB e sinaliza para a sociedade e para o mercado
o esforço do governo para controlar seus gastos.
A terceira medida
que integra o PLC é a instituição do Regime Especial de Contingenciamento
(REC), que permitirá ao governo, em períodos de baixo
crescimento, preservar do contingenciamento despesas
consideradas essenciais como os investimentos do Programa de Aceleração
Crescimento (PAC) em fase de finalização, gastos com a saúde,
educação e segurança.
O REC poderá ser
decretado quando a economia estiver em baixo crescimento nos termos já
previstos na Lei de Responsabilidade Fiscal, ou seja, crescimento inferior a 1%
no período correspondente aos quatro últimos trimestres. “Contingenciar pode
colocar em risco despesas essenciais para a prestação de serviços públicos
básicos, como o pagamento de água e luz das escolas ou equipamentos do Exército
na fronteira, bem como investimentos em fase final de execução, como a ferrovia
Norte-Sul e a integração do São Francisco”, exemplificou Barbosa. Cada ministério
terá que justificar a inclusão das despesas no REC e prestar contas da execução
A última medida
proposta pelo governo para melhorar a situação econômica do país é autorizar o
Banco Central a utilizar os depósitos remunerados como alternativa para
“enxugar” excesso de liquidez no mercado. Atualmente, a autoridade
monetária utiliza as operações compromissadas (títulos do Tesouro Nacional)
para reduzir o excesso de moeda. “O depósito remunerado é um
instrumento a mais para o Banco Central realizar o controle diário de
liquidez”, explicou Barbosa. De acordo com o ministro, caso a proposta
seja aprovada, a lei deverá ser regulamentada pelo Conselho Monetário Nacional.
A partir da entrada de em vigor, o BC poderá usar essa alternativa no dia a dia
e na intensidade que achar adequada.
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Ano
XVIII, Edição nº 1.464
Brasília,
24 de Março de 2016.
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