Quem está
destruindo a GEAP? Não é o TCU nem o Supremo.
Por Paulo César Regis de Souza (*) |
A decisão do
Tribunal de Contas da União-TCU sustando o convênio padrão, engenhoca pela
segunda vez inventada pelo Ministério do Planejamento, para supostamente tirar
a GEAP Autogestão em Saúde do buraco em que foi metida pelos petistas, mostra
apenas o desprezo dos companheiros pelas instituições republicanas. O TCU já
condenara a tentativa anterior, como fizera o Supremo Tribunal Federal, mas o
consórcio de gestores e juristas mal formados mas bem remunerados decidiu, no
Planejamento, ignorar o TCU e o Supremo e impor um “quinto plano” salvador da
GEAP Autogestão em Saúde
No Brasil, nada
ocorre por acaso. As bruxas se soltaram.
Sucessivas, aparelhadas e temerárias más gestões na GEAP fizeram com que mais
de 200 mil vidas largassem a empresa à deriva, migrando para outros planos. A
rede despencou, encolheu, houve atrasos de pagamentos, malversação de recursos,
descredenciamentos
Não consigo
entender como a GEAP, com inadimplência ZERO, e cobrando 10% de participação do
usuário nas despesas médicas e odontológicas, pode dar errado! Há anos que tudo
dá errado. Recebe uma bolada todo mês de servidores que não sabem como são
aplicados os recursos. Não tem um hospital próprio, uma emergência, um
ambulatório, um laboratório de análise, um tomógrafo, uma ressonância, uma
ambulância, uma UTI móvel. Usa, muitas vezes, a mesma rede de serviços dos
planos privados e dá vexame. As empresas
concorrentes tem tudo, além de inadimplência, portabilidade para quem está
insatisfeito, denuncias aos montes na ANS, custos apreciáveis de captação, intermediação e manutenção. Mesmo assim dão
lucros. A coisa mais difícil de se ver é um Plano de Saúde falir.
Tal não
acontece com a GEAP que vira e mexe e se abre um rombo e os servidores,
participantes e beneficiários, são obrigados a cobrir. Não somos contra nem trabalhamos contra a GEAP.
Até apoiamos a ultima tentativa do governo de salva-la. Como obrigação moral
nossa de preservar o que nos pertence e não ao governo. Na base da boa fé e
demos um voto de confiança na esperança de que o sol voltaria a brilhar...
A GEAP
pertence aos que a criaram, inicialmente os servidores da Previdência Social,
no tempo em que abrigava Previdência, Saúde e Assistência Social. A nossa
Patronal foi instituição pioneira pela eficiência no atendimento e modelar pelo
compromisso com seus beneficiários. Todo o mercado queria trabalhar para a
Patronal. Os maus gestores passavam longe da Patronal.
Quando abriu
as portas para atender os servidores dos Ministérios trocou o nome de Patronal
para GEAP, a coisa desandou. Os maus gestores lá desembarcaram para fingir que
trabalhavam e alguns saíram pelas portas dos fundos com os bolsos
cheios...Lentamente, a agonia da GEAP foi desesperando os servidores que contribuem
como se a GEAP fosse Amil, Unimed, Golden Gross, Bradesco, Sul América, etc. E
além disso pagam participação pelo uso dos serviços, o que não acontece nos
planos privados.
A ANASP sempre
condenou a prática da participação e clama que o governo aumente o seu per
capita para financiar a saúde do servidor. Pois é missão do Estado oferecer
saúde de qualidade aos seus servidores.
O governo
finge que contribui para o financiamento do programa de saúde do servidor mediante
o per capita, ridículo, que não corresponde a 10% da despesa e se julga no
direito de administrar a GEAP, com consórcio de gestores e juristas intolerantes,
incompetentes, arrogantes...
A solução
encontrada pelos gênios de plantão foi decretar uma intervenção branca na GEAP,
impor uma diretoria escolhida a dedo com base em folha corrida em aparelhos (não
por méritos e currículos) e colocar na GEAP brancos, negros, cafusos, caboclos,
índios, mamelucos, a fina flor da burocracia de Pindorama, argumentando que
reciclando o elenco poderia dar vida longa e salvar a GEAP. Só que não combinaram como os russos... O
ideário contido no Convênio 1/2013, firmado entre a o Planejamento e GEAP, poderia
até ser bom e tem lógica, mas o objetivo da escumalha era outro, como ocorreu
em tudo em que se meteram esquartejando a gestão pública e distribuindo seus
pedaços como troféus de uma aventura que parece não ter fim.
Ignorar, por
má fé, arrogância e atrevimento, decisões do TCU e do Supremo, como fizeram a
Caixa, o Banco do Brasil, o BNDES e a Petrobras, useiros e vezeiros no
desrespeito ao TCU – sendo que muitos gênios do governo já questionaram - a
existência do próprio TCU – tem um preço. Basta ver o que se passa nas ruas
chuvosas ou soleadas...
Nós da
ANASPS lamentamos que mais de 50% das vidas da família previdenciária, com mais
de 75.778 servidores ativos, aposentados e instituidores de pensão do INSS estejam
fora da GEAP, migraram para outros planos para que suas famílias tivessem vida,
saúde e paz . Muitos desistiram da GEAP porque não tiveram condições de pagar a
conta e estão em desgraça ou no “circo dos horrores do SUS”, a arca da mais
sórdida corrupção contra vidas e pessoas pobres e humildes, cooptadas pelo
assistencialismo e pelo paternalismo.
A GEAP não
está presente em 10% dos municípios brasileiros. Sua rede mal cobre as capitais
dos estados. Enquanto a Previdência está presente em 1.500 municípios e chegará
aos municípios com mais de 20 mil habitantes.
Impõe-se uma
limpeza ética e um choque de gestão profissionalizada na GEAP para que possa
ter sobrevida, mantidos os limites impostos pelo TCU. Não será fácil. O risco e o temerário andam abraçados na GEAP.
Estão acabando com as estruturas da instituição, levando insegurança a 600 mil
vidas. A União terá que assumir seu papel no financiamento da saúde do
servidor. De uma forma ou de outra.
Vamos reconstruir o que sobrar da GEAP, com regras claras, definidas pelo
estado de Direito, nos limites da responsabilidade e do compromisso do Estado
com seus servidores. Se não puder manter a GEAP, que se aumente o per capita do
servidor e lhe dê liberdade de escolher um plano de saúde, de acordo com suas
possibilidades. Ajustes deverão ser feitos por quem está voltado para o futuro
das estruturas republicanas.
Renovamos
afirmação feita em artigos anteriores: a GAP está ferida de morte. Temos antes
de tudo o dever de querermos o melhor para nós e para nossas famílias
(*) Paulo
César Regis de Souza é Vice Presidente Executivo da Associação Nacional dos
Servidores da Previdência e da Seguridade Social –ANASPS.
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