Burocracia: a quem cabe a culpa
Recentemente, a Ministra-Chefe da Casa Civil da Presidência da República,
Senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), fugindo à sua absoluta discrição no cargo,
concedeu entrevista à Folha de São Paulo a respeito dos entraves do governo na
realização de seu plano de metas.
Achou um culpado preciso: a burocracia. Até aí nada demais. O lamentável
é que ela atribuiu aos servidores a responsabilidade pela burocracia. Falou
como “líder empresarial” e não como integrante do ministério e muito menos como
integrante do Partido dos Trabalhadores.
Examinemos a acusação da “ministra”: quem elabora as leis e as sanciona,
criando regras muitas vezes absurdas? O Congresso Nacional e a Presidência da
República. Quem edita decretos, portarias, instruções normativas etc,
estabelecendo um cipoal de regras e determinações, cujo cumprimento cabe ao
servidor? Quem cria ministérios e estatais a rodo, que embaralham ainda mais o
ambiente administrativo? Certamente não é o servidor.
Este é selecionado em concursos públicos extremamente difíceis e com
grande número de concorrentes. A expressiva maioria deles possui nível
superior, ainda que o cargo exercido não exija tal formação. O servidor não é o
agente da burocracia: ele é, antes de tudo, vítima dela. A ministra cometeu uma
injustiça grave contra a classe e levou alento aos empresários, especialmente
aqueles que têm negócios com o Estado brasileiro.
Quem burocratiza tem o dever de desburocratizar: há pouco tempo o Ministério
da Previdência Social promoveu uma verdadeira revolução administrativa, com
pleno apoio dos servidores, e passou a conceder benefícios previdenciários em
30 minutos, além de acabar com as famosas “filas”, que tanto maculavam a imagem
da Casa. O exemplo está aí para ser seguido por outros ministérios. Basta tão
somente imaginação e ação e não acusação, que somente serve para “explicar” a
própria inação.
[Escrevi com o fígado.
Mas é duro aceitar um governo de trabalhadores tratar de forma tão
discriminatória seus colegas (companheiros?) servidores, tanto em política
salarial quanto em desconhecimento explícito ao seu relevante papel social.
Repito, é duro aceitar isso de quem julgávamos parceiros. No governo Lula isso
era absolutamente diferente. Parece que estamos a reviver o governo FHC].
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