OS PROBLEMAS DE 2013
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Por Paulo César Régis de Souza (*) |
A Anasps,
em termos de reajuste salarial para os previdenciários, viveu dias difíceis em
2011 e 2012. A justa e legítima reivindicação pela reestruturação de Plano de
Carreiras do Seguro Social, em que pese o apoio inicial do MPS e do INSS, não
gerou, infelizmente, qualquer resultado favorável.
Aliás,
nenhuma carreira de servidor público federal obteve qualquer êxito neste
governo, que implantou uma “política de recursos humanos” extremamente
perversa, notadamente para os servidores do Executivo.
Não
concedeu qualquer reajuste salarial em 2011 e 2012 para os ativos e os
inativos, embora estivesse obrigado constitucionalmente a fazê-lo, conforme
dispõe, respectivamente, os artigos 37, X e 40, § 8º, da Constituição Federal.
Não
haveria recursos financeiros e orçamentários para essa injusta medida do
governo? A resposta é absolutamente contrária:
1 – a
despesa com pessoal ativo e aposentado/pensionista da União se situa numa faixa
inferior a 20% da receita, índice esse bem menor que aquele a cargo das
empresas privadas da área de Serviço. Ressalte-se que a União, a par dos
serviços comuns à iniciativa privada (saúde, previdência, assistência social,
educação, esportes etc) mantém outros tipicamente de Estado, não replicáveis na
área privada, como sejam Forças Armadas, Polícia, Diplomacia, etc;
2 – a Lei
de Responsabilidade Fiscal – LRF, no caso do governo federal, permite uma larga
margem de crescimento do custo de Pessoal. Tal facilidade não alcança outras
esferas de governo que, entretanto, vêm concedendo reajustes a seus servidores;
3 – a
receita da União em 2012 bateu seu recorde histórico, alcançando a cifra de R$ 1,029
trilhão. Portanto, não havia qualquer justificativa financeira para a não
concessão de reajuste salarial para os servidores públicos federais dos Três
Poderes, em 2011 e 2012.
Há dias
nós encaminhamos à Anasps um “paper” mostrando que a não reposição da inflação
em 2011 e 2012 resultou numa perda real de salários para os servidores
federais, na média de 13,7%, e que, na continuidade da “política salarial do
governo”, essas perdas vão se agravar severamente. O governo se mostra
extremamente fechado para com seus servidores (ou, segundo Lula, “travado”).
A Anasps,
em seus 20 anos de existência, já enfrentou situações semelhantes e a história
registra que ela se saiu bem, mas especialmente em relação a governos pouco ou
nada sensíveis aos pleitos dos servidores.
No caso
atual a situação é nova: um governo de nítida origem trabalhista, sucessor de
outro com uma história gloriosa de defesa dos trabalhadores, abandona essa
linha de conduta e passa a tratar “seus trabalhadores” como adversários, senão
inimigos. Mais do que isso, passa a municiar a imprensa conservadora com dados
e notícias objetivando manchar a imagem da classe, um dos sustentáculos da
sociedade brasileira, em especial dos seus segmentos mais desfavorecidos, como
é o caso, por exemplo, da previdência pública.
Portanto,
julgamos necessário adotar certas medidas objetivando não apenas restaurar a
imagem pública da classe, mas, também, assegurar um tratamento justo aos
servidores federais, principalmente em relação à garantia do reajuste anual em
valores condizentes com a complexidade e a responsabilidade do trabalho do
servidor:
1 –
mobilização das entidades de classe dos servidores federais, com ampla
participação da Anasps, visando a imediata revisão dos percentuais do reajuste
concedido pelo governo, retroagindo-se a 2011 e 2012;
2 – auxílio-alimentação
– continuidade da busca da equalização do valor entre os Três Poderes, via
melhoria crescente dos valores mais baixos pagos especialmente no Executivo. Esta
proposta, inicialmente feita pela Anasps ao Ministério do Planejamento, está
sendo executada no sentido inverso, mediante congelamento dos valores mais altos;
3 –
auxílio-creche – idem, idem;
4 –
contribuição patronal para custeio do plano de saúde – manter a atual forma de
pagamento, em proveito dos servidores de menor renda e de maior idade, mas
equalizando os valores pagos no Executivo, Legislativo e Judiciário;
5 – proposição
de ações judiciais, caso viáveis, para cumprimento dos artigos 7, X e 40 § 8º
da CF. Há que se contar com a mudança de humor do Judiciário;
6 –
solução para a GEAP, a partir do Ministério do Planejamento e dos
representantes dos patrocinadores e dos servidores, objetivando transformá-la
(a Fundação) num verdadeiro plano de saúde, respeitado e eficiente. Estudar
outras alternativas, caso essa não seja possível;
7 – Pecúlio-Facultativo
– insistir na proposta da Anasps de pagamento de 50% do PF na aposentadoria,
inclusive para aqueles aposentados anteriormente;
8 –
reestruturação do PCSS – continuidade dos trabalhos e insistência na aprovação,
no âmbito do INSS/MPS, da proposta da Anasps. Não se pode perder um trabalho
tão bem feito e justo, eis que a Previdência Social, que paga benefícios a mais
de 30 milhões de pessoas, merece um tratamento condigno;
9 – mobilização
parlamentar – contando sempre com o apoio das Diretorias Estaduais, contactar
com os parlamentares integrantes da base parlamentar do governo, notadamente os
do PT, visando uma ação comum no atendimento dos justos pleitos dos servidores;
10 – outras
ações a discriminar.
Conquistar
uma “Fortaleza chamada Dilma”, neste momento, pode parecer um movimento sem
futuro. Ocorre, que o processo eleitoral de 2014 já está sendo desencadeado e,
neste caso, os candidatos se tornam, quase sempre, mais dóceis.
Quem sabe a Dilma
muda? Vale o cacófato?