MANIFESTO DE DEFESA DA PREVIDÊNCIA
SOCIAL PÚBLICA PARA OS CANDIDATOS À PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA EM 2014
A Associação Nacional dos Servidores da
Previdência e da Seguridade Social-ANASPS, entidade de representação fundada em
1992, com mais de 50 mil associados, sendo servidores públicos federais da área
de Previdência e Seguridade Social, apresenta nesta oportunidade um documento
propositivo com vistas aos candidatos à Presidência da República nas eleições
de 2014.
Em princípio, desconhecemos os
programas elaborados pelas equipes dos candidatos, especialmente as que tratam
sobre o tema Seguridade Social que, em sentido amplo, abrange saúde,
previdência, assistência social, trabalho e emprego.
Isto nos leva a propor um elenco de
ações para que sejam eventualmente analisadas e incorporadas aos programas,
caso ainda não tenham sido concluídos. Também nos leva, a título de colaboração
e cooperação em face de nossa experiência setorialmente acumulada ao longo
destes anos, a sugerir que tais ações sejam consideradas para um futuro plano
de governo.
Todos os nossos propósitos são
inspirados no conceito universal de Previdência Social que tem mais de 130 anos
no processo civilizatório e 91 anos entre nós, a partir da Lei Eloi Chaves de
1923, com base no regime de repartição simples.
Ressalvamos inicialmente os fundamentos
universais de previdência, sejam: Não existe benefício sem a contrapartida da
contribuição, pois a contribuição definida que leva ao benefício definido,
gerado com um tempo de contribuição mínima; a solidariedade intergeracional em
que os trabalhadores de hoje financiam os trabalhadores de ontem; a idade
mínima de aposentadoria; pensões com carência mínima; e reconhecimento do bônus
demográfico e seus efeitos no alongamento dos benéficos, com repercussões sobre
o equilíbrio dos regimes previdenciários.
Neste sentido, incorporamos todas as
inovações, atualizações, correções, ajustes, reengenharias, em termos
estruturais e conjunturais a nível mundial, promovidas por países e
instituições multilaterais e nacionais.
Nossa proposta inspira-se,
primordialmente, ao aperfeiçoamento da experiência nacional com a incorporação
dos modelos de capitalização na Previdência Complementar fechada e aberta,
pública e privada, e nos modelos de Regimes Próprios para servidores públicos,
civis e militares.
Temos que estar atentos à velocidade
das transformações sociais e suas implicações. O Brasil de hoje é bem diferente
do Brasil de ontem assim como também será diferente o de amanhã. Daí, os
ajustes permanentes.
As previdências mundiais enfrentam um grave risco: as pessoas estão vivendo cada vez mais e recebendo benefícios por um período superior ao seu período de contribuição. Em cem anos a expectativa de vida no Brasil e no mundo se duplicou. Isto é espetacular! Mas a grande verdade é que as contribuições previdenciárias não acompanharam esta mudança.
Reconhecemos ainda na cobertura da Seguridade Social, que inclusão e proteção são fatores de coesão social, promoção humana e valorização da vida, indispensáveis para correções de desequilíbrios estruturais. Todas as sociedades contemporâneas têm mecanismos compensatórios ou programas de renda mínima que visam proteger os cidadãos que não têm acesso ao mercado de trabalho ou que tenham necessidades especiais.
As previdências mundiais enfrentam um grave risco: as pessoas estão vivendo cada vez mais e recebendo benefícios por um período superior ao seu período de contribuição. Em cem anos a expectativa de vida no Brasil e no mundo se duplicou. Isto é espetacular! Mas a grande verdade é que as contribuições previdenciárias não acompanharam esta mudança.
Reconhecemos ainda na cobertura da Seguridade Social, que inclusão e proteção são fatores de coesão social, promoção humana e valorização da vida, indispensáveis para correções de desequilíbrios estruturais. Todas as sociedades contemporâneas têm mecanismos compensatórios ou programas de renda mínima que visam proteger os cidadãos que não têm acesso ao mercado de trabalho ou que tenham necessidades especiais.
Os presidenciáveis devem levar em conta
que o Sistema Previdenciário e os regimes dele decorrentes devem ser
autossustentáveis, equilibrados, com financiamentos corretos e sem nenhuma
concessão que os fragilizem, pois temos a perspectiva de 30/50 anos, seja uma
ou duas gerações. Além disso, deve ser buscada de forma recorrente a inclusão
previdenciária com vistas à universalização da cobertura, ou seja, com
toda a população economicamente ativa contribuindo.
Os aspectos demográficos necessitam de
uma atenção particular, lembrando que o rápido envelhecimento do país ao longo
destes 91 anos de Previdência, aumentou o número de pessoas ativas, o que
declina rapidamente a relação entre beneficiários e contribuintes. Quando
Brasília foi inaugurada em 1960 a expectativa de vida dos brasileiros era de 49
anos, hoje já ultrapassa os 74 anos e a tendência é aumentar. Em 15 anos
chegaremos aos 80 anos. Cada vez mais o contingente de aposentados e
pensionistas que contribuíram para o RGPS - hoje em torno de 19 milhões
(população do Chile, Uruguai e Paraguai) - e a longevidade expandem a durabilidade
do benefício para mais de 50 anos. Já tivemos 50 contribuintes para cada 1
beneficiário, hoje temos praticamente 1 para 2. É digno ressalvar que a queda
do financiamento se dá pelo descompasso na arrecadação em função da sonegação,
renúncia, desoneração e não recuperação de crédito.
O Mundo da
Previdência Social Brasileira
- O INSS segue sendo a maior seguradora da
América Latina e uma das maiores do mundo;
- 56 milhões de contribuintes;
- 27 milhões de beneficiários urbanos e rurais;
- Arrecadação de R$ 400 bilhões/ano;
- Despesa com benefícios do RGPS no valor de R$
450 bilhões;
- Déficit de R$ 50 bilhões;
- 32 mil servidores;
- 1.500 unidades de atendimento;
- 6 milhões de novos benefícios concedidos por
ano;
- Em 97,0% dos municípios a despesa
previdenciária ultrapassa o Fundo de Participação dos Municípios;
- A Previdência tirou 20 milhões de pessoas da
miséria absoluta;
- A Previdência Complementar Fechada tem um
patrimônio de R$ 650 bilhões, com 7 milhões de beneficiários;
- A Previdência Complementar Aberta tem um
patrimônio de R$ 300 bilhões, com 12 milhões de inscritos;
- A Previdência dos Servidores da União, dos
Estados e dos Municípios tem um patrimônio de R$ 45 bilhões, com 6 milhões
de contribuintes e 6 milhões de beneficiários.
NOSSAS PROPOSTAS
Na área de arrecadação:
- Manutenção da Receita Previdenciária no âmbito
da Receita Federal;
- Incorporar ao âmbito do Ministério da
Previdência a formulação da política de financiamento do RGPS dos regimes
próprios, da Previdência Complementar fechada e aberta / pública e
privada;
- Desagregação da arrecadação previdenciário a
do Orçamento Fiscal;
- Fim das renúncias contributivas, desonerações
e de outros mecanismos como os Refis, que reduzem a contribuição de ofício
e fraudam o princípio contributivo da Previdência;
- Ajustes na matriz de custeio, pois há um
descasamento entre a contribuição e o beneficio definido, que não guarda
uma relação adequada entre o esforço contributivo e o benefício
proporcional;
- Melhoria na governança administrativa da
arrecadação, no combate à sonegação, elisão, brechas legais, fraude e
recuperação de crédito nas dívidas administrativas e ativas;
- Estudos sobre outras formas de financiamentos
sem renúncias contributivas;
- Adoção de um novo sistema de contas da
Previdência com transferência dos benefícios não contributivos ao Tesouro,
inclusive os rurais;
- Reversão contributiva dos benefícios que estão
sendo subsidiados e podem gerar futuros “funrurais”.
Na área de benefícios:
- Fim dos benefícios sem contribuição ou que
tenham subsídios, tais como os do SIMPES, do MEI, dos autônomos
(domésticos) e mulher trabalhadora;
- Fim do fator previdenciário que não resolveu o
problema do déficit;
- Adoção da idade mínima para aposentadoria;
- Revisão do sistema de pensões, fixando-se
carência contributiva;
- Manutenção do prazo de decadência para revisão
dos benefícios em 10 anos;
- Adoção do mesmo índice de revisão anual dos
benefícios para todos os beneficiários;
- Pagamento dos passivos através de precatórios
em até cinco anos;
- Intensificação das ações regressivas
(acidentes do trabalho, trânsito, uso de drogas ilícitas e violência
contra a mulher) nos casos de benefícios em que o causador é isento e o
ônus recai sobre a Previdência;
- Articulação com o Ministério do Trabalho para
o desenvolvimento de ações com vistas à proteção e a segurança do
trabalhador nos ambientes de trabalho, com medidas preventivas eficazes e
ações de promoção à saúde nas empresas;
- Articulação com o Ministério e o SUS visando à
assistência médica pronta e efetiva para os trabalhadores sujeitos a
acidentes e/ou doenças e também à vigilância de saúde nos ambientes de
trabalho;
- Reativar a rede de reabilitação profissional
constituída de centros, núcleos e unidades com participação das
universidades, visando à reintegração dos trabalhadores no mercado de
trabalho. Ampliar a captação e inserção dos acidentados do trabalho e de
doenças profissionais nos programas de reabilitação, uma vez que apenas
10% são atendidos;
- Aperfeiçoar a Perícia Médica (avaliação
técnica da incapacidade) observando os protocolos universais, capacitação
dos profissionais e as unidades de atendimento.
Gestão Pública:
- Mais concursos para a força de trabalho do
INSS, da Dataprev e do Conselho de Recursos da Previdência Social;
- Plano de Cargos, Carreiras e Salários
compatíveis com a dimensão do RGPS e dos regimes previdenciários;
- Criação da Escola Nacional de Previdência
Social, para capacitação presencial, a distancia e semipresencial dos
servidores, especialistas e interessados na educação e cultura
previdenciária, com uma carteira de cursos de formação e atualização
permanente;
- Implementação do Plano de Expansão nas cidades
com mais de 20 mil habitantes;
- Melhoria da gestão administrativa e sua
profissionalização em 100% dos cargos exercidos por servidores;
- Governança com qualidade administrativa,
planos plurianuais e revisão frequente, o que assegura a continuidade;
- Uso intenso da Tecnologia da Informação nos
sistemas e programas corporativos, facilitando o uso dos servidores e
usuários (segurados contribuintes e beneficiários);
- Articulação com entidades internacionais como
AISS, OISS, CISS, com a finalidade de aproveitar a expertise dessas
organizações com vistas à implementação de programas e projetos inovadores
de cooperação;
- Articulação com universidades e centros de
excelência em pesquisas visando o desenvolvimento de programas e projetos
em áreas demográficas, de financiamento, políticas de previdência, gestão,
tecnologia e atenção aos contribuintes, segurados e servidores;
- Consolidação do marco legal previdenciário com
uma Nova CLPS, simplificando, racionalizando e desburocratizando as
normas;
- Inserir o atendimento pelo telefone no INSS,
intensificar o reconhecimento de direitos pelo CNIS e avançar na concessão
de benefícios online.
PREVIDÊNCIA SOCIAL, 91 ANOS;
ANASPS, 22 ANOS.
PREVIDÊNCIA SOCIAL PÚBLICA – EXPECTATIVA DE UMA APOSENTADORIA DIGNA |
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