Sanção
do Marco Civil da Internet e Alta Produtividade Legislativa Dão o Tom da Semana
A penúltima semana de abril, encurtada pelo feriado de Tiradentes, tinha – pelo
menos em tese - alguns requisitos que poderiam torná-la pouco produtiva. O que
se viu ao longo destes últimos quatro dias, entretanto, foi uma intensa movimentação
pelos corredores dos três poderes da República, com notável e merecido destaque
para a alta produtividade evidenciada em ambas as Casas Legislativas do
Congresso Nacional.
Já nos poderes Executivo e Judiciário, respectivamente, sobressaíram a sanção
do Marco Civil da Internet e o deferimento, pela ministra Rosa Weber, do
Supremo Tribunal Federal – STF, de Mandado de Segurança (MS), impetrado pela
oposição, que solicitava a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito
(CPI) destinada a investigar, exclusivamente, denúncias envolvendo a Petrobras.
Já
o Congresso Nacional iniciou a semana em ritmo agitado, impondo aos demais
poderes uma invejável eficiência institucional: na Câmara dos Deputados, foram
aprovados, em plenário, os Projetos de Lei Complementar (PLP) 275/2001, que
permite a aposentadoria voluntária da policial mulher com 25 anos de
contribuição, desde que contem com, pelo menos, 15 anos de exercício de cargo
de natureza estritamente policial; e 362/2006, que autoriza a concessão de
financiamento, por meio do Banco da Terra, ao beneficiário de imóvel rural
objeto de partilha decorrente de direito de herança, visando a permitir a
continuidade da propriedade para um ou mais membros da família.
Além
disso, os deputados aprovaram o Projeto de Lei (PL) 5120/2011, que regulamenta
as atividades das agências de turismo, e a Medida Provisória (MP) 637/2013, que
abre crédito extraordinário, em favor de diversos
órgãos do Poder Executivo, no valor de R$ 1.978.600.000,00. Todas as referidas proposições
seguirão, agora, à sanção presidencial, com exceção da MP, que segue ao Senado
Federal.
No Senado Federal, logo após uma
rápida aprovação pelas Comissões de Ciência, Tecnologia,
Inovação, Comunicação e Informática (CCT), de Meio Ambiente, Defesa do
Consumidor e Fiscalização e Controle (CMA) e de Constituição, Justiça e
Cidadania (CCJ) do Projeto de Lei da Câmara 21/2014, que dispõe sobre o Marco
Civil da Internet, foi a vez de o plenário se pronunciar sobre o tema.
Dentre
as principais vantagens do novo sistema estão: a dispensa de comparecimento do
empregador na unidade do MTE; a possibilidade de atingir toda uma
circunscrição; o impacto indireto em outras empresas da mesma localidade e o
aumento da sensação da presença fiscal.
Nas
Comissões de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CREDN) e de Fiscalização
Financeira e Controle (CFFC), foram aprovados requerimentos-convite para que o
ex-Presidente da estatal, Sérgio Gabrielli, explique a compra da refinaria de
Pasadena. Além dele, foram convidados os ministros da Advocacia-Geral da União
(AGU), Luís Inácio Adams, e da Fazenda, Guido Mantega.
A
confirmação da presença de Graça Foster motivou a retirada de pauta de um
requerimento que convocava o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, para
também explicar a compra da refinaria. O autor do requerimento, deputado
Vanderlei Macris (PSDB/SP), argumentou que, caso a Presidente da Petrobras não
compareça à CFFC na próxima semana, voltará a apresentar seu requerimento –
cuja votação está, por enquanto, suspensa.
Na
Comissão Especial destinada a debater a Proposta de Emenda à Constituição (PEC)
170/2012, que garante proventos integrais ao servidor que se aposentar por
invalidez, o deputado Marçal Filho (PMDB/MS), relator da proposição, leu
oficialmente seu substitutivo. Posteriormente, foi concedida vista coletiva aos
membros do colegiado, que poderão voltar a se reunir na próxima semana para
votar o relatório.
Além
disso, o plenário também aprovou o parecer do Conselho de Ética e Decoro
Parlamentar que suspende por 90 dias o mandato do deputado Carlos Alberto
Leréia (PSDB/GO). Em setembro do ano passado, o conselho recomendou a suspensão
do parlamentar após ele ter sido acusado de envolvimento com o contraventor
Carlinhos Cachoeira.
Apesar
de a suspensão por 90 dias não incorrer na assunção do mandato pelo suplente do
deputado, Leréia solicitou 40 dias de licença – além daqueles estipulados pela
punição. Assim, uma vez que o seu afastamento ultrapassará 120 dias, assumirá o
mandato o deputado Valdivino de Oliveira (PSDB/GO), conforme estipula o
Regimento Interno da Câmara dos Deputados.
Encerrado
o processo contra o deputado Carlos Leréia e enquanto o Conselho de Ética e
Decoro Parlamentar se debruça sobre o processo que tramita contra o deputado André
Vargas, poderá ser aberta nova representação naquele colegiado, desta vez
contra o deputado Luiz Argolo (SDD/BA), acusado pelo líder do PPS, deputado
Rubens Bueno (PPS/PR), de ter recebido dinheiro em seu apartamento funcional
por intermédio de Alberto Youssef.
No
Senado Federal, apesar de a produtividade ter sido numericamente inferior
àquela registrada na Câmara, ela foi igualmente notável, com realce para a
aprovação da PEC 61/2013, que institui indenização aos soldados da borracha, e
do Projeto de Lei da Câmara (PLC) 117/2010, que modifica a ordem em que a urna
eletrônica exibirá para o eleitor os painéis referentes aos cargos a serem
preenchidos na eleição.
Já
o plenário do Supremo Tribunal Federal declarou a inconstitucionalidade do
artigo 170 da Lei 8.112/1990 (Estatuto dos Servidores Públicos Civis da União),
dispositivo que determina o registro de eventuais transgressões cometidas nos
assentamentos do servidor, mesmo que os fatos tenham sido alcançados pela
prescrição. O autor do Mandado de Segurança 23.262, um professor titular da
Universidade de Brasília (UnB), questionava decisão do Presidente da República
que, após a regular tramitação de processo disciplinar, aplicou pena de
suspensão do autor e determinou a inscrição dos fatos nos assentamentos
funcionais.
Na
Venezuela, o chanceler brasileiro, Luiz Alberto Figueiredo Machado, participou
da 3ª rodada de negociações mediadas pela União de Nações
Sul-Americanas (UNASUL) a fim de ajudar o governo venezuelano a encontrar uma
solução para os recentes impasses vividos naquele país. Como ocorreu na
segunda reunião da mesa de diálogo, em 15 de abril, os Chanceleres da Colômbia
e do Equador também participam como garantes.
Convém
ressaltar que a Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE) do
Senado Federal aprovou requerimento para que o ministro das Relações Exteriores
fale sobre o assunto, oportunidade na qual também deverá se pronunciar a
respeito da crise política Na Ucrânia.
Coube
à ministra Cármen Lúcia a relatoria da AP, na qual julgou improcedente os três
crimes constantes no processo. A maioria dos ministros acompanhou o voto da
ministra-relatora, absolvendo o ex-Presidente dos três crimes a ele imputados.
Ficaram parcialmente vencidos o ministro Ricardo Lewandowski, que absolveu Fernando
Collor ao alegar não existir prova de que ele tenha concorrido para a infração
penal, e os ministros Teori Zavascki, Rosa Weber e Joaquim Barbosa, que votaram
pela absolvição quanto ao crime de peculato, mas reconheceram a prescrição da
pretensão punitiva em relação aos delitos de falsidade ideológica e corrupção
passiva. Os ministros Celso de Mello, Gilmar Mendes e Marco Aurélio Mello não
participaram do julgamento, este último por ser primo do senador Fernando
Collor.
Por
fim, foi publicada, no Diário Oficial da União (DOU), a Lei nº 12.966 de 2014,
sancionada nesta quinta-feira, que altera a Lei no
7.347, de 24 de julho de 1985 (Lei da Ação Civil Pública), para incluir a
proteção à honra e à dignidade de grupos raciais, étnicos ou religiosos.
Att,
Thiago Schwinke Vidal