Sugestões para aperfeiçoamento do
Boletim Estatístico do Pessoal do Ministério do Planejamento
Por Paulo César Régis de Souza (*) |
Gostaria de fazer uma solicitação
à Ministra Miriam Belchior.
Ela poderia mandar incluir no
Boletim Estatístico de Pessoal, há anos editado pelo Ministério do Planejamento
duas secções adicionais: uma sobre Receitas e outra sobre Terceirização,
Temporários e Estagiários.
Ajudaria e muito, para que
possamos compreender o custo efetivo de pessoal da administração pública
brasileira, hoje uma corrida de obstáculos.
Não há lógica na supressão dos
dados relativos à despesa com os três grupos.
Mês sim, mês não, os jornais e
revistas, além de colunistas, blogueiros e supostos especialistas em contas
públicas, publicam dados, gerados sob medida colhidos no Boletim, sobre as
despesas de pessoal que soam como uma bomba que vai explodir daqui a pouco.
Os dados são comparados ao PIB e
revelam que se continuarem crescendo ameaça o controle fiscal. O objetivo é humilhar
ainda mais os servidores colocá-los contra a opinião pública.
Ninguém olha para a relação entre
a despesa líquida com pessoal e a receita corrente líquida limitada pela Lei de
Responsabilidade Fiscal. Nesta relação, em 2005, quando a Lei foi aprovada, era
de 29,8%. Desde então vem caindo, chegando a 16,3% em 2012 e 13,1% em abril de
2013, o nível mais baixo da série. Diga-se que nos meses de julho e novembro
cresce em função do 13º salário. Nem de longe, a despesa liquida com pessoal
ameaça o equilíbrio das contas públicas e o equilíbrio fiscal.
Mas isto ninguém sabe o que
significa. O importante é mostrar a relação com o PIB que causa furor e
indignação.
Também impacta mostrar que em 2012
a União gastou R$ 156,8 bilhões com servidores, civis e militares, (R$ 83,9
bilhões com ativos, R$ 45,9 bilhões com aposentados e R$ 27,6 bilhões com
instituíres de pensão). Ninguém quer saber se foram R$ 177,5 bilhões com
servidores civis e R$ 39,2 bilhões com militares, R$ 28,1 bilhões com o
Judiciário, R$ 7,4 bilhões com o Legislativo e R$ 2,9 bilhões com o Ministério
Público da União.
O Boletim cuja sua ultima edição
(205), é de maio de 2013, tem as seguintes secções: Despesas; 2- Servidores –
Quantitativo; 3- Remuneração; 4 – Concursos; 5 – Cargos e Funções de Confiança
e Gratificações; 6 – DAS; 7 – Aposentadorias.
Quando falo em receita, refiro-me
principalmente, as de contribuição previdenciária dos servidores ativos e
inativos, aposentados e instituidores de pensão. O país tem o direito de saber
o valor da contribuição patronal e da contribuição dos servidores. As receitas
e as despesas, neste caso, devem ser desagregadas.
Na Secção de Receita poder-se-ia
também assinalar o que for descontado do servidor pelo Imposto de Renda, que
traduz um autofinanciamento do servidor á sua própria despesa. Trata-se de uma
maneira do governo dar com uma mão e retirar com outra.
Face à criação do Funpresp,
dever-se-ia também ter-se uma Secção, com receita, despesa e aplicações do
Funpresp, para controle público, uma vez que os fundos públicos não estão infensos
às aplicações de alto risco e em fundos aparelhados.
No caso dos servidores militares,
há a gravidade de que a União não contribui para a aposentadoria dos militares
e que estes contribuem para as pensões e saúde, recursos que financiam suas
unidades de saúde, para ativos, reformados e instituidores de pensão.
Em relação aos terceirizados que
praticamente inexistiam de 1997 a 2001, as despesas foram de R$ 173,7 milhões
em 2002 e 2003, em 2004, passaram a R$ 222,7 milhões e desde então dispararam
chegando a R$ 532,2 milhões em 2012.
Mais uma vez volto a afirmar que,
a inclusão de terceirizados se deve à exclusão de servidores mais humildes do
Serviço Público Federal. Nunca quiseram admitir que o objetivo oculto fosse o
de impedir que as pessoas humildes tivessem aposentadorias integrais. Suas
categorias foram consideradas em extinção.
Não há no Boletim, nenhuma
informação sobre quantitativos de terceirizados, mas tenho comigo um quadro do
Sistema Integrado de Administração de Recursos Humanos - SIAPE mostrando que em
2011 existiam 20.024 terceirizados número que cresceu 16.24% em 2012 passando a
23; 275 concentrando-se os grandes grupos no IBGE (2012) 4.151 no IBGE, 2,835
no Ministério da Saúde, 1.805 no IBAMA e 1.281 no Instituto Chico Mendes.
Institutos Fundações, Ministérios, Centros e Universidades estão recheados.
Seria relevante que contivessem
os dados dos fornecedores de terceirizados e dados sobre temporários e estagiários.
(*) Paulo César Regis de Souza é Vice-
Presidente da Associação Nacional dos Servidores da Previdência e da Seguridade
Social-ANASPS.
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