Educação superior: o Brasil de costas para suas
futuras gerações
Por Paulo César Régis de Souza (*)
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Em dois artigos que escrevi e
publiquei “Máxima: para ser Presidente do Brasil não precisa
ser formado” e “O Brasil precisa criar mais faculdades” mostrei as
quantas anda a nossa educação superior. Mais por intuição e por vivência me
arvorei em provar que há duas vezes mais jovens fora das universidades do que
dentro, seja, dois de cada três jovens entre 18 e 24 anos estão fora da
Universidade. O que isto representa para o país? O Brasil de costas para suas
futuras gerações. Mais do que isso, são
analfabetos funcionais, sabem ler, mas não entendem o que leem, terão grandes
dificuldades de inserção e de inclusão social, de conseguir emprego, obter
renda, casar, ter filhos, etc.
Clamei que o Brasil deve deflagrar
uma guerra contra o atraso na educação. Afirmei que o Brasil precisa criar uma
faculdade por dia para superar o atraso, fruto de gestões ineptas e corruptas
no MEC. Alias, nós da ANASPS estamos dispostos a criar até mais de uma
faculdade, se nos deixarem. Queremos transformar nosso discurso em prática. Sabemos
que tudo é feito pelo MEC para impedir que sejam cortadas as amarras que
impedem o país a dar saltos de qualidade na educação.
O que assistimos em relação aos
advogados e aos médicos é o MEC afrontando o país e fazendo o Brasil andar pra trás.
Somos dirigidos por uma elite incapaz, com visão deturpada e querendo promover
o voo da galinha! Trocar o mérito, o
saber, a cultura, a ciência, por quotas, em nome de uma inclusão educacional é
insensatez. Instituir a aprovação automática no nível médio é uma catástrofe.
Misturar educação com política é um desastre. Discriminar crianças em nome de
renda e cor da pele é semear a luta de classe.
Um debate sobre a educação
superior realizado no Senado mostrou que o quadro cor rosa, depois de 10 anos
de poder, na realidade é turvo. A comparação é tão feia quanto à situação.
- Entre 2000 e 2010, foi registrado um crescimento
de 110% no número de vagas nos cursos superiores. No entanto, apenas 16% dos jovens
entre 18 e 24 anos estão matriculados em um curso de graduação.
- Nos últimos 10 anos, a meta de colocar 33% de
jovens entre 18 e 14 anos no ensino superior, não saiu do lugar. Agora, o mesmo
governo quer que a meta seja alcançada em 2023! Arre!
- Hoje estão matriculados 6.379.299 alunos, nas
universidades públicas e privadas. No mínimo, deveriam estar matriculados 18,0
milhões. Seja, deixamos 12 milhões sem futuro, sem esperanças, duas gerações
perdidas.
- O falso discurso da eficiência pública se
esfacela no fato de que 74% dos 6,3 milhões, seja 4,6 milhões, são alunos
matriculados em escolas privadas. Nas escolas públicas, apenas 2,7 milhões.
- O setor público costuma transformar sua
incompetência em PIB. Para oferecer três milhões de matriculas, com 40% das
vagas do ensino superior, o MEC quer 10% dos recursos do PIB na educação superior.
- O mesmo setor público agora vê chifre em cabeça
de cavalo argumentando que 1 milhão de alunos recebendo FIES , financiamento, o
governo estaria priorizando o setor privado em detrimento do setor público.
Quanta indigência.
- Se os grupos Anhanguera e Kroton, em franca
expansão no país, apesar do MEC, têm quase 50% das matrículas privadas, o MEC
deveria agradecê-los e homenageá-los, pois estão prestando inestimáveis serviços
às futuras gerações, atraindo os que querem estudar e podem pagar por seus
estudos aqui ou no exterior, suprindo a inércia do Estado.
- Destaque-se que os cursinhos do grupo “me engana
que eu gosto” estão entulhados com cerca de 5 milhões de matrículas. Há anos
que se mantém superlotados acolhendo a massa do nível médio que disputará vaga
na faculdade pública. Famílias se sacrificam para que seus filhos cheguem a
Universidade, se endividam, mas sabem que terão que superar a corrida de obstáculos:
1000 alunos por uma vaga e que a vaga tem destinação para cotas raciais e cotas
de escolas públicas. Dois filtros, duas vilanias!
A expansão pública foi bem mais
modesta, passou a atender 272 municípios contra 114, em 10 anos, isto num total
de 5.600 municípios e, mais as 100 unidades criadas, incluindo campus, apenas
43 têm bibliotecas, 33 tem moradias estudantis e 61 restaurantes
universitários. Os desafios são bem maiores que o discurso de melhorar a
qualidade de vida e reduzir desigualdades.
Com estes novos dados, que passaram
pelo Senado, em direção ao cesto de lixo, espero que as pessoas acordem para a
cruel realidade da nossa educação superior.
Insisto: nós da ANASPS queremos
criar escolas de educação superior para formação, capacitação, treinamento de pessoal
na área de Previdência Social. O país tem 90 anos de Previdência, com um
patrimônio imaterial que se inter-relaciona com Direito, Economia,
Planejamento, Administração e Gestão, Estatística e Atuária, Tecnologia e
Informática. A cultura previdenciária há anos pede por esta escola que o MEC barra.
(*) Paulo César Régis de Souza é Vice- Presidente
da Associação Nacional dos Servidores da Previdência e da Seguridade Social.
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